sábado, 13 de dezembro de 2014

Bala perdida



quem disser que sou feio
ou que arroz tem casca...
eu mato!

quem não olhar dentro dos meus olhos
e para mim torcer o nariz...
eu mato!

quem falar ao menos um ai da minha mãe
ou achincalhar meu time do coração...
eu mato!

quem cobiçar minha mulher,
seja próximo ou de longe...
eu mato!

quem espiar minha comida
ou liberar gases nessa sagrada hora...
eu mato!

quem por desamor à poesia
puser pedras no meio do meu caminho...
eu mato!

quem tentar roubar minha honra
ou levar meu único par de sapatos...
eu mato!

mas se ela aparecer...
com os olhos me atalhar,
com os beijos metralhar-me...

brancas e brandas ficarão minhas armas
o meu tiro virará alvo
(a munição dela é o meu desejo
se transformando em fogo)

sei que me derrubará à queima roupa,
então passarei de homem do mato
a homem do morro.

(Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior - Carvalho Junior, 2014)

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