sexta-feira, 1 de agosto de 2014

8 POEMAS PRA CAXIAS

CARVALHO JUNIOR (Francisco de Assis Carvalho da Silva Junior). Caxias-MA: Seleção de textos C. Jr., 01/agosto/2014.


A PRINCESINHA

teu estado é uma verde verdade
vestida em verso, banhada em ouro
a pele vermelha de sol e batalhas
rebrilha os teus relevos
revela e ratifica tua realeza
tocar tua beleza é sem palavra
dela com o perdão...
são teus, princesa dos poetas...
os mais belos seios do sertão!

(Do livro “Mulheres de Carvalho”, 2011)


BELEZA SERTANEJA


é por ser tão assim — majestosa
que Caxias impera nos campos do interior
como a princesinha do ser tão poética.

(Do livro “Mulheres de Carvalho”, 2011)


É VER PARA CREPÚSCULO!

fim de tarde, quase noite...
fuscas contemplando o lusco-fusco
quanta nuança no vestido do céu!
o anel rubro de um sol se despedindo
abrasado com o azul das nuvens “sobeijantes”
minha terra tem mais que palmeiras
os mais belos pores do Sol
exibindo músculos de crepúsculo
que bom, o trabalho na academia!
e foi por acaso do ocaso que pude
assistir a esse show da natureza
viva o céu de Caxias!


(Do livro “Mulheres de Carvalho”, 2011)


EIS A ESCULTURA DE UMA CULTURAL CAXIAS!

perderam teus azulejos, ó princesinha
estão desedificando tuas construções históricas
arremataram teus teatros e cinemas
teu Centro de Cultura só o Centro tem
sei que existem algumas poucas movimentações
mas mereces muito além, amada cidade
tua relevância e teus recursos são de bom volume
em teus relevos altos festins de alecrim
teus morros atestam que tuas guerras não acabam
inda agora, inda glória tua escultural cultura
o mundo bem conhece teu Gonçalves
já dos teus dias sabe uma malcontada história
desconhece o velho o quanto és vasta em saberes
quão renovável e boa-praça cidade és
não sabem dos teus artesanatos, artistas natos...
não sabem dos teus fogaréus
não sabem da tua viva Poesia
não está muito bom o teu estado
independentemente disso, minha caipirinha
tens mais que beberrões em tua ilha de regueiros
é uma pena, porém meu papel não esqueci
teus filhos são polivalentes, diligentes guerreiros
tens avenidas, não sei de tuas arteriais
sei que vampiros sugaram vasos de teu sangue
mas tuas poéticas veias sempre minam novos versos
de tuas bolsas, glóbulos de sonho e esperança se libertam...
meninos pobres indo pra escola com romantismo condoreiro
soltando as asas dos sabiás presos em si mesmos
derrubando as palmeiras amochiladas no coração...
os políticos não podem ser pomposos ou poupados
toda a câmara precisa de um ar, voltar às aulas
teus poetas não querem uma ex-cultura do sertão
te querem num belo quadro impressionante
pintado com venezas, rosários e pontes poéticas
teus artistas estimula, eles se sacodem como podem
precisava desse poema para incentivar-te?
não digas nada, mãe querida
eu precisava desse desabafo ex-cupido
até os ineruditos como eu do tipo come-dorme-escreve...
salva, preciosa, teus profetas, poetas e vinhos
não cochiles nas coxias, Caxias
permanece com teus artífices filhos aqui dentro
pra que saias desse incômodo silêncio vestida de samba e canção
pra que os outros venham dos seus cantos escutar teus hinos
venham conhecer o núcleo de cultura que és fera
e saber que existe uma gloriosa Caxias
que todo poeta fora dela é um exilado
a Caxias mais gloriosa que existe está nos braços do agreste
noutras brasas dos brasis, nas mesmas páginas da história
onde os fervorosos historiadores de todos os cardeais estudam
logo existem pessoas pensantes pensando que só há Caxias do sul
quando o teu mais jovem Carvalho surge, amada urbe
semeando uma modesta poesia pelos cantos
e mesmo que não tenha o nome em carreira esculpido
espera que tenhas a merecida glória nos muros calçada
com poéticas sandálias sapateando nos teus finos dedos
sobretudo, tua reinante cultura, soberana subindo sobre as ramas
ó Caxias do Itapecuru, dum Maranhão de veracidade
teus ramos são únicos, ninguém mais tem
a poética liberdade para pisar na grama.

(Do livro “Mulheres de Carvalho”, 2011)


CANÇÃO DE UM FILHO

minha terra não tem Bandeira
mestre Drummond também não é de cá
mas os poetas que aqui nasceram
do mesmo modo sabem encantar

nossas estrelas também conversam
nossos pássaros sabem mesmo voar
nossas matas têm gonçalvinas e verdes palmeiras
nossas musas sabem “verde-doira-mente” inspirar

o solar da tardinha, a lua da noite...
que quadro de impressionar!
minha terra tem morenas, pardinhas...
e quando vejo minha branquinha: bem-te-vi!
vou logo querendo beijar!

minha terra tem sabores
sabores que não te posso revelar
só eu, juntinho, à noite
desse prazer posso desfrutar
minha terra tem certas coisas
que nesse poema não posso contar

não permita Deus que eu morra
que eu morra noutro lugar
se tenho que tornar ao pó
que seja nesse pedaço de chão
quero morrer à sombra dessas palmeiras
cantando e fazendo versos com a majestade:
o sábio e sibilante sabiá.

(Do livro “Mulheres de Carvalho”, 2011)

DE CHAPÉU E VASSOURA, AINDA A PRINCESA CAXIAS!

cidade bruxa, de caldeirões quentíssimos,
que a todos enfeitiça com poções de poesia,
para somar aos teus três corações comerciais,
dou-te a minha alma cheia de versos de amor!

tuas fontes e pontes nem me contes,
embelezas o sertão como ninguém pode copiar!
amo-te com a veneração da pipira pela goiaba madura,
sentado sob tuas palmeiras caio na balada com os sabiás...

escuta este pobre canto de poeta da periferia,
inunda-me com teu sorriso de ouro,
meu belo pequeno complexo universo do interior...

por mais que eu ande por este velho mundo,
gosto mesmo é das voltas redondas no teu colo
e saborear os teus pirões de princesa parida!


(Do livro “A Rua do Sol e da Lua”, 2013)


HAI, MEUS COKAIS!

se haicai chia
ou tem cachinhos...
se fuma cachimbo
ou banha na cacimba...
ai, Caxias, caixinha de surpresas!
só sei que eu caxingo,
só sei que eu cá xingo.


(Do livro “A Rua do Sol e da Lua”, 2013)


OS PAIS DOS BURROS NÃO ESTÃO COM NADA!

minha princesa Caxias,
que sabor tem teus cachos?
de que flores, de que cores
são as letras do teu nome?

sei que tens tão bela história,
irresistível perfume de poesia...
sonha o mundo com teus sabiás e palmeiras
ao ler os cantos de Gonçalves Dias!

dicionários não te conhecem bem!
para eles, talvez sejas tu
uma trepadeira venenosa...

se blasfemam contra ti,
perdoa-lhes a ignorância
e lhes ofereça uma banana casca grossa!

(Poema inédito, 2014)






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